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30 janeiro 2012

Expedição Chapada – Quarto dia de estrada – Subindo aos 1500 metros de altitude



Dez dias de mecânica e, enfim, a Eta ficou no ponto pra seguir viagem. Pegamos o carro no sábado a tarde e pra testar o motor novo, descemos até Prado e seguimos em direção à Praia da Paixão, pela estrada litorânea. Como o único pouso do lugar era $$, voltamos à Cumuru, pra pousada da Silvana, onde o rango e a cama são garantidos e acessíveis. A carta zero, O Bobo, colocou uma ousadia de humor na viagem, a liberdade para acreditar, depois de muitos trancos, que as coisas vão dar certo.

Entre o céu e o fim da ribanceira, o bobo segue de olhos fechados e como se flutuasse, caminha. O banho de mar limpou a tensão dos últimos dias e nos preparamos para o domingo no carro. Deixamos a cama à 5h30 do domingo, com rara disposição, de quem está louco para se mexer depois de um tempo amarrado. A ideia era chegar longe, 754 km, até o Parque Nacional da Chapada Diamantina. Uma hora depois entramos na estrada. Retomamos a BR 101 por mais alguns quilômetros, seguindo as placas para o Monte Pascoal, Caraíva, Espelho, Trancoso, Porto Seguro, Anagé, passamos a ponte do Rio Jequitinhonha e quebramos para o interior a noroeste, rumo ao Itororó.

Demorou pra deixamos o deserto verde de Eucaliptos, que se estende do Espírito Santo ao sul da Bahia, para o gado reassumir longos pastos. Subimos a serra e em Tanhaçu, enfim, avistamos a Chapada e o café. O sol foi aquecendo nossos espíritos e as serras se aproximaram, até que paramos entre suas pedras, em Mucugê, ainda de dia, doze horas após a partida. O pouso certo, na Pousada Pé de Serra, é casa de portas e janelas abertas, lençóis frescos e aquele desjejum, com tapioca de fogão à lenha, suco de cacau e um cafezinho preto pra despertar bem, pra despertar na Chapada!



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25 janeiro 2012

Expedição Chapada - Expulsos da estrada, enviados para o Paraíso - Cumuruxatiba


Por Joana Latinoamericana

O diagnóstico do mecânico foi cruel, muitos reais e já se vão oito dias para recuperar o estrago no motor. Difícil manter a calma, mas tem outro jeito? A seguradora queria levar a gente de volta pra São Paulo, mas a gente negociou uma carona até Cumuruxatiba. E por lá ficou, muito bem, obrigada! Agora, de volta a Itamaraju, estamos no aguardo dos últimos parafusos para partir.

Queria postar fotos e vídeos, mas a net daqui não permite muitas peripércias, isso fica pra mais tarde! Por enquanto, tem uma pitadinha no facebook, que carrega mais fácil.

De Cumuruxatiba - As Marés

O jogo aberto sob a mesa avalia. O desgaste e a aceleração de saída levaram ao instante da exaustão. Apesar disso, há que se celebrar, dançando pela chuva, por mais que o lado bom seja bom de mais pra ser e menos aparente do que se vê.

A viagem continua sem ter estabelecida seu ponto final. Revista, reorganizada e vivida de forma surpreendente. Chacoalhada por um relâmpigo que passou por nós, desligando motores e desmagnetizando telefones.

Deixamos o carro no planalto de Itamaraju e chegamos à Cumuruxatiba. Puxados por mares, verdes mares, onde refletem planetas nas noites de estrelas, no sobe e desce profundo das marés.

No Rio do Peixe Pequeno encontramos Silvana e Osiris, com sua cabanas cercadas por jardins floridos, na beira-mar,onde se pode receber uma lagosta ou um peixe fresco.

Nos jogamos, deixando os pingos da chuva molhar, sem ter que pensar se deve-se soltar mãos ou pés primeiro.

Pedalando, encontramos Paulo, na entrada para as Japaras, com água gelada e indicação de boa praia. Nas areias da Japara Mirim, temperadas por falésias e pelo rio Dois Irmãos, nascem tartarugas ajudadas por boas mãos de meninos e meninas.

Na volta, na maré alta, pela areia só empurrando a magrela. Compensam os seis quilômetros a menos que pela estrada de chão.

Chegando pelas praias, antes do centro, na Bica, tem o Gato que Ri e sua marca, o Boni. José Bonifácio da Silva. Cara de índio, mão de metalúrgico, companheiro de Lula. Na mesa de seu bar a conversa começa com galo cubano e Luis Carlos Prestes, e termina em projeto político, a redenção à Cumuru e a uma outra vida vivida. Mar é mar.

E na volta, na estrada escura, encontrar o Seo Antônio, com lanterna em mãos, iluminando a estrada e falando de seu amor de filho. Quando diz a ela que é amor maior, diz amo mamãe.

Chegamos sem querer, partimos sem querer, voltamos pra estrada, por outros caminhos, mas com destino à Chapada.

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18 janeiro 2012

Expedição Chapada - Segundo dia de estrada - Ubatuba - Guarapari


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Saímos da Praia Grande de Ubatuba às 7h da manhã, com a previsão de rodarmos 850 km, até Vitória, no Espirito Santo. Muitas curvas, muitos carros, muita gente indo e vindo. A estrada verde de mata atlântica está colorida com os Ipês Rosa, carregados de flores. O mar se espalha entre vãos e a brisa convidava a vários mergulhos, nas centenas de praias que cruzamos.
De São Paulo ao Rio de Janeiro, o visual da Rio-Santos é o que compensa o tráfego pesado e a média de 50 km por hora.
Chegamos no Rio de Janeiro lá pelo meio dia, pegamos um trânsito daqueles de cidade grande e uma hora e meia depois conseguimos deixar São Gonçalo e a ponte Rio Niterói pra trás e chegar na BR 101, que cruza todo o litoral brasileiro.
Nesse trecho conseguimos desenvolver uma velocidade melhor, mas muito caminhão está deixando de ir pela Rio-Bahia, por conta da implantação de pedágios e a pista única e a sinuosidade da estrada te deixam apreciar a paisagem de interior, com brisa de mar.
Essa é uma das estradas mais perigosas por onde já trafeguei. Os motoristas fazem ultrapassagens alucinantes em curvas, tirando muitos carros da pista e empurrando-os pros acostamentos. Vimos uns três carros destruídos e um capotamento fresquinho e fomos de boa, porque o que nos interessa é chegar!
O Sol ainda estava alto, mas decidimos parar antes de Vitória, em Guarapari, com a esperança de encontrar pouso e alimentação mais em conta, sem ter que passear por cidade grande atrás de hotel. Acertamos. Ficamos na pousada "Mar e Lago", onde o Jorge nos recebeu e fez um descontão.
Depois de bater uma tradicional moqueca, cozinhada em uma panela das “paneleiras de goiabeiras”, patrimônio cultural imaterial brasileiro, caminhamos pela orla e voltamos pra descansar.
A diária na "Mar e Lago", na praia de Meaípe, saiu por R$ 80,00. O banheiro ótimo, o quarto limpo e a cama boa, o café da manhã caprichado, e a prosa com o Jorge, nativo de Guarapari, compensaram a labuta do estradão percorrido. E a viagem continua!

15 janeiro 2012

Expedição Chapada - 1 dia de estrada - São Paulo - Boiçucanga - Ubatuba


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- 279 km - 5h na estrada
(trânsito em Maresias, às 20h30 e em Caraguá, às 22h)

A cachacinha de sexta-feira, com Sarah, Ripas e amigos não deixou a gente sair muito cedo. Então, nosso primeiro dia de estrada, sábado, 14 de janeiro, foi um dia para terminar de colocar as coisas no lugar. Desmontar a bike, comprar pneus de terra, arrumar as maletas na caçamba.

Levamos nossas plantas para Boiçucanga, plantamos o pé de romã, a muda de canela, os temperos e as flores no terreno de Boi, batemos uma ducha com a abençoada água da cachoeira, almoçamos com Dona Rosa e seguimos para Ubatuba.

Decidimos passar o domingo em Uba, na companhia de Luis e Yara, para evitar o trânsito de domingão em alta temporada e pular as sete ondinhas pra abrir nossos caminhos pra esse 2012. Amanhã tem mais uns 700 km de estrada, rumo ao trabalho de campo, rumo à Chapada Diamantina!