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09 outubro 2012

Algumas urnas no sertão da Bahia, uma urna na Vila Mariana em São Paulo

Ver o destino da Chapada Diamantina ser decidido por vinte ou mil votos me dá uma vontade inquietante de estar em São Paulo para o fale agora ou cale-se para sempre, que é o segundo turno. Vejo-o como a conquista do divórcio em tempos de casamento arranjado. Estou a ponto de organizar uma vaquinha pra estar presente diante de minha urna abandonada na Vila Mariana, que tanto me estimulou a sair correndo de meu torrão natal e escolher a Bahia pra ser berço do meu futuro.- A Chapada do Pai Inácio
Por aqui, em Irecê, o candidato à reeleição Zé das Virgens, do Partido dos Trabalhadores (PT) não conseguiu o segundo mandato. A prefeitura do maior colégio eleitoral da grande região Chapada Diamantina passa a Luizinho Sobral, do Partido “da vassourinha” Trabalhista Nacional (PTN), junto com a falência de seu solo, a crise da água e promessas de transposição do São Francisco para irrigação e consumo compulsivo de água. - Das Virgens e Sobral
Ainda ao norte do território, em Morro do Chapéu as eleições terminaram com a diferença de 20 votos e a reeleição do atual prefeito, Cleová, do Partido Social Democrático (PSD). Conhecido na oposição como bicheiro caolho, conseguiu entoar o “É cinco, é cinco, é cinquenta e cinco” pra uma família a mais na cidade e manteve-se no cargo. Foram 8.226 confirma, contra 8.206 de Leo Dourado, da coligação Partido Popular – Democratas (PP-DEM).- Cleová caolho
Em Ibipeba só tinha pra um. Com 100% dos votos válidos, o candidato único Israel 11, do PP, levou pra casa a gerência de um município que vive a epidemia da seca e a desertificação, a falência de um projeto caríssimo de irrigação e a migração de sua população. O doutorzinho teve apenas que enfrentar uma campanha cívica pelo voto nulo, sem projeto político ou direcionamento forte, com 11,11% de votos. - Israel 11
Centro turístico de população flutuante, Lençois derrubou o “Marcão é dez, na cabeça e no coração”. “Honesto, justo e verdadeiro”, não conseguiu convencer a população votante que o viu algemado pela Polícia Federal. Entra a boa e prestativa enfermeira Moema, com o 55 do PSD. Na cidade com pouco mais de sete mil eleitores, pouco menos de um mil garantiram a colocação fácil de uma candidata vista como fantoche de velhas oligarquias. - Marcão em Ação da Polícia Federal
O município de Palmeiras enfeitou-se para festejar o prefeito eleito, colocando bandeirolas nas janelas e botando “pra pocar” a população ao som do trio elétrico. Didinho, da mega-coligação PPS-PRB/PP/PDT/PPS/PSB/PV/PSDB/P..., no menor entre os colégios eleitorais da Chapada Diamantina citados no texto, distanciou-se do segundo colocado por mais de 800 votos. - Resultado das eleições na zona eleitoral onde está inserida a Vila Mariana
Não votei nessa eleição. Meu título ainda está em São Paulo, assim como meu vínculo trabalhista, minha família, muitas de minhas raízes. Aqui, meus votos seriam na contramão de todos esses resultados. Algumas de minhas posições não chegariam sequer ao segundo colocado e se juntariam a grupos de 100, 200 pessoas em algumas dessas cidades. Por isso mesmo, por ver como o destino de um povo inteiro pode sim ser decidido por vinte ou mil votos, me volta o desejo de estar no caos que me desencorajou de São Paulo e me mandou pra esse sertão!

2 comentários:

  1. Pois volte e vote menina. porque aqui etamos na luta para esmagar com os pés o representante das misérias, abandono e ignorância que acontecem no resto do país. Sua urna sentiu falta do seu voto sim, mas as periferias não acreditaram nas campanhas sujas da imprensa representativa das oligarquias velhas e temerosas. Posso encabeçar a vaquinha. É só mandar o nº da conta. Rosamaria

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  2. Jogou duro contra o bicheiro caolho. Desgraça é essa política nossa. Tenho raiva de quem foi eleito e de quem também não foi!
    Vinicius

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