Páginas

07 janeiro 2011

Mídia, burguesia e dialética

No começo do segundo grau, começava a se revelar à minha mentalidade ainda infantil a realidade das relações de nossa sociedade. Entre as homéricas brigas com o primeiro namorado e as experimentações de todos os tipos, havia um professor de história, o Alcides, conhecido como Guerreiro.

Lembro do giz escorregando na lousa e dando forma à teoria da Dialética em Espiral. O desenho parecia uma mola em formato de cone, que começava com aros estreitos e terminava com um aro largo e aberto para o que o futuro reserva. O que mais me chocou à época, em palavras curtas e grossas, era que um dia o que estava por cima ficaria por baixo, necessariamente, para fazer girar a roda da história.

Meus colegas de classe hão de concordar que era difícil prestar atenção naqueles momentos, porque todos esperavam o professor terminar as anotações na lousa para vê-lo enfiar o giz no bolso e coçar o pinto, como se ninguém estivesse reparando. Passados os risinhos maliciosos, fiquei olhando para aquele desenho como se aquilo representasse muito mais do que eu poderia processar. E assim foi. Desde então já se passaram uns doze ou treze anos e sempre me recordo da explicação.

Hoje me aprofundo no entendimento da dialética e confirmo a minha sensação de não compreensão da amplitude da explicação do Guerreiro. Tivesse entendido à tempo, não teria feito jornalismo, pensando em trabalhar em um “grande jornal”.

Minha esperança na dialética despontou quando li o seguinte trecho do texto “Os números da Globo: lenta decadência”, escrito por Rodrigo Vianna: “No primeiro governo FHC, Marluce (então diretora geral) tivera duas idéias “brilhantes”: tomar dinheiro emprestado, em dólar, para capitalizar a empresa de TV a cabo do grupo; e centralizar as operações numa “holding”. Ela acreditou nas previsões do Gustavo Franco e da Miriam Leitão, de que o Real valeria um dólar para todo o sempre! Passada a reeleição de FHC, em 98, o Brasil quebrou...” (Íntegra do texto)

Assim, este, que parecia um post melancólico, torna-se um relato de espença, seguindo a lógica de Hegel e da dialética! Se um dia a burguesia dominou a mídia para controlar o acesso à informação e hoje samba para que ela atenda a quem dá mais, há de chegar o futuro, onde essa lógica levará a própria burguesia à falta de informação.

E foram felizes para sempre!

Um comentário: