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24 fevereiro 2012

As águas do Rio Verde em Mirorós


Rio Verde transposto para o canal de irrigação. Com o rio seco, os produtores abastecem o canal com poços - solução e contradição

As águas desse rio são públicas, são da nação. Essas águas não têm documentos que garantam a uma empresa ou a um bairro em Irecê, o direito a essa água. Ou a toda Ibipiba, Ibititá ...e tantos outros municípios que hoje já se beneficiam dessa água.
E os que antes beberam dessa água cultivando alimentos para todo esse sertão, hoje se encontram em conflito, sem água nenhuma, lutando para plantar, perdendo animais de corte, vendo a seca exterminar os resquícios da flora e a fauna nativa. Jacaré, tartaruga, cromatá. Arroz vermelho e banana maçã. Das nascentes ao baixio, aqui se plantou a semente da melhor qualidade, que fez germinar nas terras de Irecê o feijão que deu nome à rodovia BA 142.

Promessas, promessas e descrença. Buscar o grito de independência e a solução imediata para esse problema é sim passível de tomar a todos, porque das soluções dadas, nada se resolveu. O poder público construiu a barragem de Mirorós, inundou comunidades, desocupou terras de centenas de famílias, para servir à perenização do Rio Verde, ao abastecimento dos centros urbanos e à modernização da agricultura.
Depois da barragem, o rio que corria por 70km e secava temporariamente por alguns quilômetros, já perto de desaguar no São Francisco, está seco desde o baixio do Mirorós, dois ou três quilômetros abaixo da barragem. A umidade do terreno, o alagadiço, o clima de oásis no sertão, tudo desapareceu, salinizando o solo, destruindo a fertilidade da terra.

A água que antes corria nos terrenos por tapagens coletivas, hoje é paga e é cara. Ainda assim, centenas de produtores seguem abastecendo o nordeste com um dos alimentos mais nutritivos e essenciais da base alimentar brasileira, com a produção de banana de alta qualidade.

A população de Mirorós tem menos direito a água? Se o povo daqui sempre fez dividir o que tinha. E ainda hoje o faz quando envia caminhões e caminhões de alimentos, diariamente, a diversos estados do País. Mas hoje a água vem dos poços, muitos pagos por arranjos de pequenos produtores, que podem ajudar nos períodos de seca extrema, como o que se vive hoje, mas claramente não são a solução.

Ainda há tempo para se reverter esse processo. A água é de direito de todos, é um patrimônio natural deste lugar, preservado durante séculos pela produtiva comunidade local. É preciso salvar o rio, levar ao baixio o que faz desse terreno fértil. Preparar a terra para as enchentes.

5 comentários:

  1. Que droga...Pensar que havia tanta esperança!
    Mãe

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  2. Puxa... que tristeza.
    Ainda bem que vc existe Joana;
    Tem que haver um comeco para tudo e colocar a boca no trombone é um bom inicio.
    bjs Yara

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  3. Parabéns pela denúncia e obrigada por lutar pelo nossos interesse Jô!
    Beijos,
    Juliana

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  4. É Jô, eles não entendem de nada. Luiz

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  5. q DEUS Ilumine o caminho de nossos conterranios
    e q a aguá volte a nascer nas nacentes do nosso
    querido rio verde q ja tomei muitos banhos
    quando vou passear no meu querido lugar onde
    nasci rio verde 1 bahia

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