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03 fevereiro 2011

Egito: lições da história Persa

O Ditador do Egito, Mubarak, aprendeu com a história

A prova de proficiência em língua estrangeira, aplicada hoje aos alunos que concorrem a uma vaga no curso de pós-graduação da EACH-USP, pediu aos candidatos que traduzissem um texto sobre a situação do Egito hoje e as experiências da Europa ontem.

Em busca do texto e de verificar o potencial do meu espanhol, percebi que fiz uma boa tradução, mas esqueci de traduzir o título. Ai, que merda. Porém, como meus erros são ínfimos perto da gravidade da situação do Egito, decidi traduzir o texto de novo, para compartilhar esse novo e bem vindo conhecimento.

JAVIER MARTÍN - Egipto: Lecciones de historia persa, do El Pais
No final de 1979, uma constelação de grupos diversos tomou as ruas do Irã aos gritos de "liberdade" e "Morte ao ditador". Reunidos em torno de uma ligação única – o Indigesto - representavam todo o espectro da sociedade: ombro a ombro marcharam comunistas, socialistas, democratas, sindicalistas, intelectuais, moderados e radicais islâmicos ... Todos igualmente cansados da arbitrariedade de um rei que, sob uma fino verniz de democracia, desperdiçou o tesouro nacional, alheio às misérias e preocupações de seu povo, mantendo um serviço de inteligência brutal e repressivo. Mas, para além do ódio comum, cada grupo possuía uma esperança diferente sobre o futuro. Abençoado pelo Ocidente, o protesto cresceu e o rei assustado, abandonado até mesmo pelos seu poderoso Exército, empilhou em baús sua fortuna, ligou o ar condicionado de seu luxuoso avião e, acompanhado por seus amigos mais próximos, partiu para o exílio no Egito.

Trinta e dois anos mais tarde, as ruas da cidade onde o mal fadado Sha descança em paz, fervem com os ecos de um passado que não está tão longe. Estimulado pelo vôo recente para a Tunísia, de outro ditador com pele democrata, centenas de milhares de egípcios lotam praças e ruas exigindo o fim da ditadura de Hosni Mubarak, à data "aceita" pelo Ocidente. Como naquele ontem ainda próximo, socialistas, sindicalistas, apolíticos, democratas, intelectuais, laicos e religiosos radicais e moderados, uniram-se em um objetivo comum: a queda do ditador, que os empobreceu, confiante na sua posição de "aliado indispensável" para a segurança na região.

Este hoje e o ontem são diferentes. O Egito, que arde no amanhecer do século XXI não é Irã dos últimos suspiros do século passado. Nem a diversidade cultural, histórica e religiosa é comparável, embora ambas sejam nações muçulmanas. Mesmo a situação internacional é outra. A cortina de ferro desapareceu e os atores globais fazem parte de outra tragicomédia. Mas vale a pena recordar a passagem e os resultados da revolução iraniana antes de deixar os fantasmas no passado. Como, então, os islamitas, melhor estruturados, decidiram lutar no pano de fundo. A Irmandade Muçulmana, tradicionalmente a mais importante força de oposição, ficou por trás da imagem "amável” de Mohamad Baradai, Prêmio Nobel da Paz e um homem de prestígio internacional. É verdade, que no Irã é agora considerada uma figura emblemática o aiatolá Ruhollah Khomeini, que revigorou e, eventualmente, aproveitou o protesto, mas a princípio os iranianos religiosos também lhe deram seu papel. Na transição, e as costas aclamado clérigo em Teerã, a tarefa de formar o primeiro governo revolucionário coube a um leigo, Mehdi Bazargan, candidato de Jomeini contra as ambições do ex-primeiro-ministro Sha, Shapour Bakhtiar. Apenas sete meses depois, com os islamistas escalando para todos os ramos do Estado, Bazargan renunciou e passou o poder a um Comitê Revolucionário, que prontamente estabeleceu o atual regime teocrático.

A história nunca se repete, mas ao longo dos séculos encontramos patrões semelhantes. Mubarak, que viu a barba de seu vizinho cair, no terremoto político da Tunísia, parece ter-se preparado para resposta: a indicação de Omar Suleiman como vice-presidente, cargo vago desde que Mubarak o deixou em 1981 para tomar o poder. O ex-chefe dos serviços secretos é um homem de prestígio no seio das forças de segurança e do exército, capaz de controlar e evitar a deserção que precipitou tanto o colapso de Sha e a fuga de Ben Ali, e garantir estabilidade rápida ansiada pelo Ocidente, em uma área de alto valor estratégico. Também para o poderoso vizinho Israel, que o conhece bem. Não por acaso ele era o enviado especial do presidente egípcio para assuntos palestinos. Além disso, há mais de cinco anos saindo do anonimato, pesou-se várias vezes em Suleiman como eventual sucessor. Hoje, apenas ensombrado pela aspiração do filho de Mubarak, Gamal.

Para resolver a equação, precisamos saber se as pessoas estão dispostas a aceitar a transferência de poder para Suleiman e quanto o povo está disposto a resistir nas ruas. E também, qual o caminho que escolhem os islamitas. Se, como diz o líder tunisino Rashid Ghanuchi "Eu não sou Khomeini”, for favorecido um aspecto mais abrangente, semelhante ao encontrado na Turquia. Não há dúvida de que, em um processo democrático com todas as garantias, a melhor estrutura iria recompensá-lo com o apoio popular suficiente para a imposição de algumas de suas condições, como no Líbano com o grupo xiita Hezbollah. É também um teste para os EUA e Europa, que aspiram a não repetir os erros, os governos devem aceitar a influência islâmica ... Se essa for a vontade dos povos árabes nas

Um comentário:

  1. Olá, achei seu blog e essa tradução muito bem vindos.
    José Carlos Eisbeten
    jceisbeten@yahoo.com.br

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