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09 fevereiro 2011

Entre os muros da academia

Um dos principais desafios do governo é o de tampar o fosso entre universidades e indústria



Os números da pesquisa científica nacional surpreendem. Entre 2000 e 2009, o volume de publicações aumentou 205%, atingindo o montante de 32 mil artigos
indexados no National Science Indicators (NSI) Thomson Reuters. Em 2008, o
País assumiu a 13ª colocação no ranking NSI, ficando à frente de potências
em ciência e tecnologia, como Rússia e Holanda, tornando-se responsável por
2,69% da produção científica mundial.
Ainda assim, há um consenso sobre a falta de diálogo entre a indústria e a
universidade e essa lacuna deve se colocar como um dos principais desafios do
governo atual, no que tange à educação. Não se trata apenas de investimentos, mas
de direcionar acordos entre atores com diferentes perspectivas. Para o pró-reitor de
Pós-graduação da UFABC, Carlos Kamiesnki, já existe uma compreensão no meio
acadêmico, político e empresarial de que o Brasil precisa acelerar o processo de
transmissão de conhecimento para o setor produtivo a fim de gerar inovação.
Ainda em 2010, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), anunciou o incremento de mais duas mil bolsas de formação. No total, são
cerca de 93 mil bolsas, apoiando desde a iniciação científica até pesquisadores
altamente qualificados. “O aumento no número de bolsas é significativo e as
agências de fomento privilegiam propostas de parcerias com o setor produtivo.
Mas um avanço real deve ser alcançado a partir da implantação das diretrizes para
políticas públicas que estão sendo colocadas no Plano Nacional de Pós-Graduação
(PNPG) 2011-2020 e no Livro Azul da 4ª Conferência Nacional de Ciência
Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável”, analisa Kamienski.
Dentro da universidade, o pedido da indústria, de estimular a cultura da inovação
para criar competitividade, começa a ganhar espaço e forma. A UFABC acaba de
criar o Núcleo de Inovação Tecnológica, com foco no desenvolvimento de projetos
de inovação tecnológica e científica.
Para o pró-reitor de pesquisa da UFABC, Klaus Capelle, outro fator determinante
para a aproximação dessas duas esferas sociais foi a criação das leis do Bem
e de Inovação, mas ainda existem desafios a serem superados no campo legal.
“Essas leis tem facilitado atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação no
Brasil, mas ainda há muitos entraves burocráticos. Por exemplo, a importação de
equipamentos e insumos para pesquisa precisa ser facilitada.”

Esse texto compõe a matéria de capa da INOVABCD de fevereiro. Para ler a matéria clique aqui

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