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18 fevereiro 2011

Sem-Teto em Preto e Branco

Ocupação de sem-tetos na Cidade São Jorge: Alexandre Bigliazzi registrou com filme em preto e branco
Texto Marina Bastos, do ABCD MAIOR

No primeiro semestre de 2010, mais de 600 famílias, organizadas no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) fizeram uma ocupação no bairro Cidade São Jorge, em Santo André. O terreno, parte particular e parte da Prefeitura, estava abandonado há décadas e a ação foi uma medida para pressionar o Estado a tomar alguma atitude diante do descaso com as famílias sem-teto e realizar uma reforma urbana que contemplasse a população pobre, relegada a locais com as piores condições de moradia.

Na época, a Prefeitura conseguiu liminar de reintegração de posse, mas abriu um canal de diálogo com o movimento para propor soluções de moradia para as famílias que estavam na ocupação, como a bolsa aluguel.

Homens, mulheres, crianças e idosos fizeram de tendas suas casas e do acampamento uma rotina. Diversas situações e trajetórias levaram aquelas pessoas ao mesmo destino, o mesmo terreno. Durante todo esse processo, que durou mais de um mês, o fotógrafo Alexandre Bigliazzi, de Santo André, passou a frequentar a ocupação diariamente.

Munido de uma câmera fotográfica e da companhia de um assistente, passou a registrar, em fotografias em preto e branco, detalhes do dia-a-dia de pessoas que fizeram da vida uma luta. O resultado pode ser conferido na exposição “Ocupações”, que fica até 28 de fevereiro na Câmara Municipal de Santo André (praça IV Centenário, Centro).

Entre cerca de 500 imagens produzidas, Alexandre selecionou 20 que pudessem melhor retratar o que foi a ocupação da Cidade São Jorge e também o que a experiência de frequentá-la o ensinou. “A questão da habitação ainda é secundária na Região, o governo não trata a situação como deveria”, disse, acrescentando que, apesar desta impressão, a exposição não se trata de um protesto. “Aquelas pessoas parecem invisíveis, mas não são, aquilo é uma realidade e eu quis mostrar”, explicou.

Bigliazzi conheceu muita gente e pôde perceber diferenças nos motivos que levaram cada um a estar ali. “Algumas pessoas realmente lutavam por uma causa e estavam dispostas a se organizar, mas também havia quem estava na ocupação para tirar proveito do que os outros conquistavam”, relatou Bigiliazzi.

Serviço
Exposição “Ocupações”
Câmara Municipal de Santo André (praça IV Centenário, sem número)
Até 28 de fevereiro, de segunda a sexta, das 9h às 18h.

Um comentário:

  1. Comprei minha propriedade na última rua da cidade São Jorge, financiada pela Caixa,e na época não havia nenhuma favela aqui e tive que pagar a duras penas minha casa, pois era operário de uma metalúrgica próxima, quando derepente houve a invasão e com ela a sugeira o mau cheiro e outras coisa mais...Hoje estou vendendo meu imóvel e o mesmo não vale nada, 40 porcento do valor de mercado e quem paga pelo prejuízo pois trabalho para ter uma vida dígna e pagar meus impostos.Hoje agente vê estas pessoas morando emcima do lixo e as autoridades não fazem nada, mesmo recebendo récorde de arrecadação de impostos e, nem mesmo saneamento mínimo eles fazem.Só vejo uma maneira de resolver este problema social, e é educando e aplicando as leis que regem a sociedade, mas primeiro isto tem que vir de cima.Acredito que ésta gente não quer nada de graça, mas o governo não dá condiçoes, pois não reverte os impostos como deveria, pois com tanto dinheiro, tenho certeza absoluta que daria para ter uma faculdade "GRATUÍTA" em cada cidade para formar o ser humano e integrá-lo na sociedade de forma dígnia e, aí sim e com certeza não tería-mos este problema social, mas infelizmente neste Paíz a lei é dos espertos e aproveitadores, infelizmente.

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