Um dia antes do carnaval, enquanto o comércio se preparava
para receber um número elevado de turistas e que seguram as contas de muitos
empreendimentos na época da baixa temporada, o promotor local decretou a
interdição e a retirada, em três horas, de todos os ocupantes da edificação.
A praça em frente ao mercado ficou tomada por curiosos
enquanto os restaurantes próximos perdiam clientela. “Isso aqui era pra estar
cheio, os turistas foram embora com a confusão”, reclamou o dono de um dos
estabelecimentos vizinhos ao prédio.
Talvez na onda da tragédia de Santa Maria (RS), ou por ter
tirado a liminar coincidentemente na noite anterior ao feriado prolongado mais
famoso da Bahia, fato é que a ação foi realizada sem explicações para a
sociedade civil, principal interessada na manutenção do patrimônio. Sobrou espaço para os "diz que me diz". Um trabalhador do local afirmou que uma pessoa ligada ao governo e que sabia de irregularidades fiscais no local observou o funcionamento da boate, sem a devida licença, o que teria desencadeado a desocupação imediata.
De acordo com um comerciante que locava um espaço no casarão,
a briga é do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Nacional (IPHAN), com
o dono do estabelecimento, que devia mais de R$ 300 mil para o IPHAN em taxas e
impostos. “Eu sou um dos principais prejudicados, porque tenho loja aqui, mas
quer saber, está certo, o dono havia se comprometido a fazer da parte de cima
do estabelecimento um espaço cultural, onde hoje funciona uma balada. O problema é esse circo que armaram”, disse o
comerciante em conversa informal.
Na comunidade do facebook, Pau de Anun, único meio de
comunicação local e sustentado pelo boca-a-boca, está a informação de que o
prédio recebeu verbas do BID, através do programa Monumenta, do IPHAN, anos
atrás. Hoje, a parte externa do edifício está bastante deteriorada, com grandes
rachaduras, queda de reboco e pintura gasta. O prédio faz parte do conjunto arquitetônico e paisagístico de Lençois, tombado pelo governo federal - IPHAN.
Que pena que tenha acontecido nesse contexto, mas, efetivamente o casarão, além do mercado em frente, precisam mesmo de uma reforma como único meio de preservar sua história.
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